Como evitar o groupthink
O groupthink pode levar a decisões desastrosas e sufocar a criatividade. Então, como você reconhece o groupthink no local de trabalho e o que você pode fazer para superá-lo? Vamos dar uma olhada.
Sua equipe é bem unida. Todos estão conectados - quer estejam trabalhando no local ou trabalhando remotamente. Você está conseguindo ter colaboração em equipe e está tomando decisões rápidas. Mas, pare um momento. Tem certeza de que sua equipe está realmente fazendo seu trabalho - ou você poderia estar sofrendo de um caso de groupthink?
O que é o groupthink - e por que é um problema?
Groupthink soa como algo do romance de George Orwell, 1984, mas a frase foi cunhada pelo psicólogo Irving L. Janis nos anos 70. Ele definiu-o como "um impulso psicológico para o consenso a qualquer custo" e viu-o como um fator em uma série de crises políticas do período, desde a Baía dos Porcos até a escalada da guerra do Vietnã.
Simplifique o trabalho com Workplace
Desde avisar sobre o retorno ao escritório até a adoção do trabalho híbrido, Workplace torna tudo mais simples.
Segundo Janis, cujas teorias foram adotadas e ampliadas por outros psicólogos, o groupthink acontece quando as pessoas buscam concordância a todo custo e colocam as consequências de lado, por medo de prejudicar o consenso da equipe. Isso pode levar a decisões ruins, se não catastróficas - sugestões de groupthink englobam tudo, desde o bombardeio de Pearl Harbour até o desastre do ônibus espacial Challenger.ombing of Pearl Harbor to the Challenger space shuttle disaster.
Mas há muitos exemplos em menor escala de groupthink. Pense em uma terrível campanha publicitária que inexplicavelmente é aprovada e aparece em todos os lugares, ou no candidato completamente inadequado que de alguma forma é contratado. As pessoas se perguntam como decisões como essas foram tomadas. Mas, se as pessoas tomam tais decisões sem uma contestação efetiva, os sinais de alerta podem ser ignorados, e as organizações podem deixar de perceber as potenciais consequências.
Nem todo grupo sofre de groupthink, é claro – então, quando isso acontece? Segundo Janis, isso pode se desenvolver quando a coesão do grupo é alta e quando um grupo tem uma atmosfera "quente ". Como ele descreveu: "Quanto mais amabilidade entre os membros de um grupo, maior é o perigo de que o pensamento crítico independente seja substituído por groupthink."
Essa é uma das razões pelas quais a ideia de groupthink representa um desafio para qualquer pessoa envolvida com trabalho em equipe e colaboração em equipe. Afinal, as equipes devem ser coesas, certo? A ideia não é chegar a um consenso? E o que poderia estar errado com uma dinâmica calorosa, com fortes relações entre membros do grupo? É difícil aceitar que a harmonia da equipe que você trabalhou tanto para criar pode ter um efeito prejudicial na colaboração bem-sucedida. Mas evitar o groupthink é uma questão de estabelecer quanta “solidariedade” deve haver em uma equipe.
O problema com o groupthink não é sobre coesão de equipe, e sim quando um grupo coloca a manutenção da coesão e o consenso acima de tudo - incluindo uma comunicação e colaboração honesta e aberta que promove a criatividade e leva a uma boa tomada de decisão. O primeiro passo para evitar o groupthink depende, em primeiro lugar, de reconhecer que está acontecendo. Então, como você saberia se isso fosse um problema para a sua equipe? Existem algumas características de groupthink para se prestar atenção.
Como você reconhece o groupthink no local de trabalho?
Pense na sua última reunião de equipe. As pessoas faziam perguntas? Eles estavam criticando alguma das ideias que outros membros da equipe colocaram? Vocês concordaram rapidamente? Você aprendeu alguma coisa nova, ou falou principalmente sobre o que todo mundo já sabe? As respostas a essas perguntas podem começar a dar-lhe uma ideia de se sua equipe está em risco de groupthink.
Para que a verdadeira colaboração aconteça você precisa fazer perguntas, desafiar ideias e superar diferenças, mesmo que seja desconfortável para os membros da equipe. Tudo isso pode levar tempo, então você pode não ser capaz de chegar a uma decisão rápida. Você pode até precisar entrar em contato com especialistas de fora da equipe para ajudá-lo, ou fazer mais pesquisas para ter certeza de que está baseando suas decisões nas informações certas. Mas onde o groupthink está presente, essas coisas não acontecem.
Para começar, você não saberá o que a equipe realmente pensa. Uma das características do groupthink é que os membros da equipe censurarão o que eles dizem, ou até mesmo acabam por não dizer nada - eles mesmos farão isso, em vez de esperar por críticas. Isso pode ser por causa do que especialistas comportamentais chamam de "pressões reputacionais" - eles não querem ser reprovados por seus pares, ou punidos de alguma forma por pessoas que têm autoridade sobre eles.
E se alguém apresentar opiniões ou evidências dissidentes, os membros do grupo o/a pressionarão a mudar de ideia e a se alinhar.
Isso pode resultar no que Janis chamou de "a ilusão da unanimidade". Em outras palavras, parecerá que todos concordam - quando não concordam. As pessoas não querem “perturbar a equipe”, ou qualquer um dos membros da equipe.
Essa falsa unanimidade pode ser reforçada por "mindguards" - membros da equipe que vêem como seu papel proteger o líder da equipe de qualquer informação ou opiniões que possam causar problemas ou desafiar o consenso.
E estes não são os únicos problemas. O groupthink faz com que as equipes pensem que são excepcionais, que estão moralmente certas e que podem correr riscos significativos. Essa chamada "ilusão de invulnerabilidade" encoraja as pessoas a rejeitar opiniões externas e estereótipos negativos de pessoas e ideias de fora do grupo que podem prejudicar o consenso. E elas têm maneiras de racionalizar seus pontos de vista, para que possam ignorar qualquer coisa que possa forçá-las a reconsiderar suas opiniões ou suposições ou tomar um curso alternativo de ação.
Em suma: uma vez que o groupthink toma conta, o que parece ser um grupo harmonioso é, na realidade, pouco mais do que um grupo que abraça decisões mal consideradas.
O que causa o groupthink?
Nem todas as equipes que são muito próximas são vítimas de groupthink. Há certas circunstâncias em que tal mal pode prosperar.
Stress
O pensamento em grupo pode acontecer quando as pessoas estão sob pressão ou precisam tomar decisões rápidas, então a necessidade de chegar a um consenso - certo ou errado - supera todo o resto. Ou o grupo pode estar sob algum tipo de ameaça, o que faz as pessoas aceitarem decisões com as quais normalmente não concordam. Nessas situações, os grupos vão querer reduzir o estresse decisório - e, para isso, tentarão concordar rapidamente, com o mínimo de argumento possível.
Liderança
Estilos de liderança individuais podem ser mais propensos a dar origem ao groupthink. Janis falou sobre o que ele chamou de “líderes de diretiva” - aqueles que são “casados” com suas opiniões. De fato, um estilo de liderança fechado, onde o líder afirma sua opinião no início e deixa claro que não quer considerar visões alternativas ou outros cursos de ação, é propício para o groupthink.
Isolamento
O groupthink pode desenvolver-se quando, por qualquer motivo, as equipes são privadas de informações vindas de fora que possam influenciar ou mudar suas decisões.
Homogeneidade
Um grupo que é como um clube, onde as pessoas se conhecem muito bem, ou onde todos têm ideias semelhantes, pode dar origem ao groupthink. Equipes que não possuem diversidade podem fazer suposições sobre muitas coisas e não ter perspectivas alternativas para desafiar vieses. Papéis sobrepostos podem fazer com que as pessoas não tenham certeza de sua contribuição para a equipe, além de apenas “cumprir seu papel”.
Super coesão
Coesão em uma equipe é algo desejável, mas é uma questão de “quão”. Quando os membros de um grupo se tornam muito amigáveis, pode ser difícil para as pessoas levantarem opiniões dissidentes por medo de ofender uns aos outros e prejudicar a harmonia do grupo.
Como você supera o groupthink?
Uma das melhores maneiras de desafiar o groupthink é pará-lo na origem, antes mesmo de começar - por isso as organizações devem considerá-lo ao montar equipes. Assim como a homogeneidade pode ser um dos contribuintes para o groupthink, a diversidade da equipe pode combatê-lo. Pessoas de diferentes origens oferecem perspectivas diferentes, por isso podem ser menos propensas a entrar em um “consenso confortável”. Procure também uma mistura de personalidades que podem complementar umas as outras.
Papéis e responsabilidades
Atribuir funções claras a cada membro também é importante. Todos devem estar cientes de que os membros da equipe têm uma especialização específica relacionada aos seus papéis para contribuir.
Além disso, pense no tamanho do grupo. Psicólogos têm correlacionado grupos maiores com o groupthink, então, embora não haja um tamanho ideal, não adicione membros desnecessariamente.
Liderança aberta
A liderança é a chave para criar um grupo genuinamente colaborativo. O groupthink é menos provável de acontecer onde uma liderança aberta solicita, recebe e valoriza diferentes pontos de vista. Para os líderes, isso significa não “esmagar” a pessoa que lhe diz o que você não quer ouvir.
Escrevendo na Harvard Business Review, Cass R. Sustain e Reid Hastie falam sobre "efeitos em cascata" - onde os membros do grupo se alinham com as declarações da pessoa que falou primeiro. Portanto, um truque para os líderes que querem desencorajar o groupthink é evitar falar primeiro nas reuniões. Dessa forma, as pessoas não se sentirão pressionadas a concordar com as opiniões do líder. E os líderes podem, inclusive, sequer participar de algumas reuniões coletivas, deixando o grupo mais livre sobre ter uma discussão aberta.
Conflito controlado
As equipes muitas vezes veem o conflito como algo negativo – mas, desde que não saia de controle, ele pode ser útil para permitir que discordâncias criativas venham à tona. Para evitar o groupthink, resista à tentação de extinguir o conflito assim que ele surgir. Em vez disso, procure acalmar a situação e depois ouça os protagonistas.
Às vezes, os membros da equipe podem ter vergonha de dizer o que sentem. É quando você pode ter que incentivar o debate, para que o grupo possa começar a olhar para um problema de diferentes ângulos. Para fazer isso, você poderia encorajar alguém a bancar o “advogado do diabo”, interrogando argumentos e trazendo novas perspectivas e ideias à tona.
Janis também teve a ideia de dividir equipes em subgrupos que possam trabalhar na mesma questão simultaneamente, proporcionando perspectivas diferentes. Outra maneira de checar o groupthink é, uma vez que você chegar a uma decisão inicial, realizar uma reunião de "segunda chance" onde as pessoas podem levantar quaisquer dúvidas ou perguntas antes de tomar uma decisão final.
Perspectivas externas
Finalmente, o grupo precisa perceber que nem tudo começa e termina com eles. Eles podem nem sempre ser capazes de fornecer todas as informações necessárias para tomar a decisão certa. Procure perspectivas externas, trazendo pessoas de diferentes equipes e outros especialistas para o grupo para apresentar suas opiniões e informar deliberações. Mantenha seus grupos abertos a influências externas e novas ideias, e você terá uma equipe de indivíduos que colaboram genuinamente, em vez de pensar como um só.
Você também pode estar interessado em
Mantenha-se conectado
Receba nossas últimas notícias e insights.
Ao enviar este formulário, você concorda em receber do Facebook comunicações eletrônicas relacionadas a marketing, incluindo notícias, eventos, atualizações e e-mails promocionais. Você pode retirar seu consentimento e cancelar a assinatura de tais e-mails a qualquer momento. Você também reconhece que leu e concorda com os termos de privacidade do Workplace.
