A Grande Demissão

A Grande Demissão é um acontecimento real. Mas será que agora estamos vivendo a Grande Contratação? Exploramos por que as pessoas estão deixando o trabalho, como conter as demissões e como atrair os melhores talentos.

ENGAJAMENTO DO FUNCIONáRIO | 6 MINUTOS DE LEITURA
The great resignation and the great rehire

Depois de dois anos de pandemia global, novas prioridades e expectativas estão definindo a renovação nos comportamentos da força de trabalho e nas maneiras de engajar funcionários.

Em 2021, mais de 47 milhões de trabalhadores se demitiram do emprego apenas nos Estados Unidos. Hoje, um em cada cinco funcionários no mundo todo planejam se demitir nos próximos 12 meses de acordo com uma pesquisa da PwC.1 Conhecido como a Grande Demissão, o êxodo profissional está transformando o mercado de trabalho.

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O que é a Grande Demissão?

O que é a Grande Demissão?

Dr. Anthony Klotz, psicólogo organizacional e professor de negócios associado da Universidade Texas A&M, cunhou a expressão "A Grande Demissão" durante a pandemia.2 Ele viu esse acontecimento como o resultado inevitável do esgotamento generalizado dos funcionários, demissões adiadas durante a incerteza da COVID, o desejo de um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal e o desejo de manter a autonomia obtida com o trabalho remoto.

"Quem somos como funcionários e trabalhadores é uma parte muito importante de quem somos como pessoas", conta ele. As dificuldades trazidas pela COVID fizeram as pessoas se questionarem o que dá a elas propósito e felicidade. Segundo Klotz, são reflexões que levarão a mudanças importantes na vida de cada indivíduo.3

Essas mudanças ficam muito evidentes em um estudo recente do Pew Research Center que revela que a taxa de demissão nos Estados Unidos atingiu o pico em 20 anos no mês de novembro do ano passado. Contudo, a insatisfação dos funcionários não se limita aos EUA. A Grande Demissão afeta mercados de trabalho no mundo todo com números cada vez maiores de pessoas pedindo demissão no Reino Unido, na Espanha, na Austrália, nos Países Baixos e na França. Enquanto isso, na Alemanha e no Japão, há um aumento consistente no número de funcionários dispostos a procurar uma nova função.

Na região da Ásia Pacífico, pequenas e médias empresas, principalmente em Singapura, também estão sofrendo. Três em cada cinco afirmam que há mais funcionários se demitindo agora em comparação ao ano passado. Além disso, de acordo com 65% delas, substituir os funcionários está se tornando cada vez mais difícil.4

Quem está liderando a Grande Demissão?

Quem está liderando a Grande Demissão?

De acordo com a Harvard Business Review, o maior aumento nas taxas de demissão (20%) está entre os profissionais em meio de carreira com 30 a 45 anos de idade. Além disso, as evidências do Relatório sobre força de trabalho global de 2022 da KellyOCG sugerem que isso provavelmente continuará acontecendo, com mais de 70% dos executivos planejando se demitir do emprego atual nos próximos dois anos.5

A Grande Demissão também é motivada pelo setor. Os lockdowns aceleraram o ritmo da adoção e automação digital, valorizando os funcionários do setor de tecnologia que têm as habilidades necessárias para atender a essas mudanças. Assim, por estarem em demanda, não precisam se comprometer com apenas um empregador.

Logo atrás está o setor de saúde. Contudo, as demissões nesse setor tendem a ser motivadas pelos desafios, e não pelas oportunidades. Isso reflete uma das narrativas mais fortes da Grande Demissão: a dos trabalhadores da linha de frente. Eles compõem 80% da força de trabalho global e são mais propensos a ter sofrido aumento de carga de trabalho e esgotamento, potencialmente arriscando a vida por um salário.

Para algumas pessoas, a demissão é um caminho rumo ao desenvolvimento profissional. Para outras, é uma necessidade. Desde março de 2020, muitas mulheres deixaram o mercado de trabalho completamente, um número duas vezes maior do que os homens. 6

Quando escolas e creches foram fechadas durante o lockdown, elas se tornaram as mães que ficam em casa ou que pediram demissão para cuidar de parentes idosos. Consequentemente, setores como hotelaria, varejo e saúde, domínios tradicionais de trabalhadoras mulheres, agora estão sentindo a escassez de mão de obra.

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A Grande Demissão e a Grande Contratação?

O que está motivando a Grande Demissão?

O que está motivando a Grande Demissão?

Há muitos motivos para essas demissões em massa, incluindo, razões pessoais, profissionais, práticas a aspiracionais. Vejamos algumas delas.

Salário baixo

Segundo a PwC, o dinheiro continua sendo o maior motivador quando se trata de reter funcionários. Além disso, com mais vagas do que pessoas em busca de trabalho, os funcionários ainda estão no controle. Mais de um terço dos participantes da pesquisa da PwC planejam pedir um aumento no próximo ano.7, 8

Também houve um afastamento das pessoas dos setores com salários mais baixos, como hospitalidade e lazer. Esse movimento é descrito como o Grande Aprimoramento, por Bharat Ramamurti, vice-diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA. Em muitos setores, nos quais dinheiro é uma opção, as taxas de contração são maiores do que as taxas de demissão.9

Falta de perspectivas

Perdendo apenas para os baixos salários, a falta de oportunidades de promoção foi a principal causa de demissões nos EUA em 2021.10

“As pessoas são muito mais propensas a investir emocionalmente (ou se envolver) na empresa quando sentem que a empresa está investindo nelas”, disse Ali Knapp, presidente da empresa de sistemas de gerenciamento de aprendizado Wisetail, à Forbes. “Criar e comunicar oportunidades de crescimento é muito acessível. Contudo, a maioria das empresas não possui a plataforma ou as ferramentas básicas para fazer isso, o que deixa os funcionários sem saber o que vem a seguir e como chegar lá.” 11

Falta de flexibilidade

Dada a oportunidade de eliminar o deslocamento, passar mais tempo com a família e equilibrar as responsabilidades de cuidado enquanto ganham dinheiro, muitos funcionários relutam em desistir. Nos EUA, 54% dos profissionais que atualmente trabalham em casa disseram que procurariam um novo emprego se o empregador exigisse que voltassem ao escritório.12

O trabalho remoto também abre espaço para a busca das metas profissionais. A pesquisa por local de trabalho do Indeed revelou que 92% dos entrevistados acreditam que a vida é muito curta para permanecer em um emprego pelo qual não são apaixonados e muitos disseram que o trabalho remoto os fez se sentir menos limitados.13

Os gerentes também se deparam com a necessidade de acomodar espaços presenciais: um modelo de trabalho híbrido é preferido por 83% dos trabalhadores, de acordo com a pesquisa da Accenture. Os dados do LinkedIn agora mostram que um a cada sete empregos tem um componente remoto ou híbrido.14 Em março de 2020, era um a cada 67. 15

Mas isso oferece pouca recompensa ou motivação para os trabalhadores da linha de frente, pois muitos deles acharam injusto precisarem ir ao trabalho enquanto os colegas do escritório podiam trabalhar remotamente ou tirar licença.

Não ter valorização

A COVID testou ao extremo as habilidades interpessoais dos empregadores, e um grande número deles foi reprovado. Um estudo da Universidade de Stanford revelou que as empresas com ambientes de trabalho de baixa qualidade eram mais propensas a agravar os danos com menos aumentos salariais para os trabalhadores da linha de frente e uma maior tendência a reduzir em vez de apoiar a força de trabalho.16

Agora, muitos funcionários dos setores de varejo e serviços estão aceitando empregos com salários mais baixos em outros lugares com organizações que oferecem mais benefícios, oportunidades e inteligência emocional.

“Perguntamos às pessoas se elas aceitariam um corte salarial para trabalhar em uma empresa que se alinha aos seus valores”, diz Alison Omens, diretora de estratégia da JUST Capital, que forneceu grande parte dos dados para o estudo de Stanford, “e em geral, as pessoas dizem sim." 17

Estresse e esgotamento

Após a pandemia, o esgotamento está em alta, de acordo com a American Psychological Association, com cargas de trabalho aumentadas e semanas de trabalho estendidas, criando um desequilíbrio perigoso entre vida profissional e pessoal.18 Conforme relatado pela Organização Mundial da Saúde, longas horas estão matando milhares de pessoas por ano devido a derrames e doenças cardíacas.19

Para alguns trabalhadores, os níveis de estresse precedem a COVID. A pesquisa da Indeed sugere que 53% da geração Y já estavam esgotados em março de 2020 e continuam sendo a faixa etária mais afetada.20

As razões para o esgotamento variam entre os dados demográficos, com a geração Z, geração X e baby boomers citando preocupações financeiras como a principal causa. Para a geração Y, o problema é a falta de tempo livre. Para os trabalhadores da linha de frente em particular, é a falta de folga remunerada. Já 27% de todos os trabalhadores acham impossível desconectar no final do dia de trabalho. 21

Falta de trabalho significativo e interessante

“Quando as pessoas começam a estagnar, começam a ficar entediadas e a procurar outro lugar”, diz Amy Zimmerman, diretora de recursos humanos da Relay Payments 21.

Os trabalhadores agora estão procurando funções mais significativas que os envolvam e desafiem. De acordo com o LinkedIn, 94% dos funcionários permaneceriam em uma empresa por mais tempo se ela demonstrasse comprometimento em ajudá-los a aprender.

A empresa de software de recrutamento Lever sugere que, com “a proliferação do trabalho freelance, educação continuada e potencial de promoção”, os funcionários estão mirando mais alto e esperando mais dos empregadores.

A Grande Demissão e o futuro do trabalho

A Grande Demissão e o futuro do trabalho

Com empregos sobrando e a demanda por habilidade em muitos setores, por necessidade, a Grande Demissão está se tornando a Grande Recontratação. Na verdade, com base em uma pesquisa da empresa de software de recrutamento Greenhouse, mais de oito em cada dez executivos acreditam que aceitar novos recrutas é uma prioridade para os CEOs.

Para permanecerem competitivos, os empregadores devem entender o que está desestimulando os candidatos e impedindo que aqueles que estão empregados permaneçam em seus cargos. O que os dados dizem aos funcionários sobre a taxa de rotatividade? Quem está saindo e por quê? Isso pode significar olhar para salário, cultura do local de trabalho, valores da empresa, programas de treinamento e desenvolvimento, estratégia de diversidade e inclusão, condições de trabalho, horas e feriados, e a qualidade e eficácia da gestão, desde os gestores da linha de frente22 aos executivos de alto escalão.

Entender o que torna a sua organização menos atraente para os funcionários é, então, um convite para mudar mais do que a estratégia de recrutamento. É uma nova inteligência que também deve ser incorporada à cultura, políticas e práticas de trabalho em todos os níveis da empresa, com adesão desde a base até o topo. Os empregadores devem estabelecer um diálogo contínuo com os funcionários, ouvir e responder genuinamente às necessidades deles, bem como estar preparados para investir no futuro deles.

Como Daniel Chait, CEO e cofundador da Greenhouse, observa: “os candidatos estão no controle agora”.

Isso exige evolução. E as organizações que evoluem para encontrar os funcionários onde estão agora serão as vencedoras.

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1 “A Grande Demissão parece continuar, uma em cada cinco pessoas diz que mudará de emprego no próximo ano”, CNN, 2022.
2 “Como trocar de emprego no grande boom de demissões pós-pandemia”, Bloomberg, 2021.
3 “O psicólogo que cunhou a expressão ‘Grande Demissão’ revela como previu esse acontecimento e como imagina o futuro. ‘Quem somos como funcionários e trabalhadores é uma parte muito importante de quem somos como pessoas’”, Business Insider, 2021
4 “A Grande Demissão: como o fenômeno global está atingindo em cheio as pequenas e médias empresas de Singapura”, HR Online, 2022
5 “Relatório sobre força de trabalho global de 2022 da KellyOCG”, Kelly OCG, 2022.
6 “Parte da ‘grande demissão’ é, na verdade, apenas mães forçadas a deixar seus empregos”, The Guardian, 2021
7 “O que 52 mil pessoas pensam sobre o trabalho nos dias de hoje”, PWC, 2022.
8 “Visão geral do mercado, Reino Unido: maio de 2022”, ONS, 2022.
9 “A Grande Demissão não começou com a pandemia”, HBR, 2022
10 “A maioria dos trabalhadores que deixaram o emprego em 2021 citam salários baixos, falta de oportunidades para desenvolvimento profissional e que se sentem desrespeitados”, PEW Research, 2022.
11 “A Grande Demissão já acabou ou a segunda onda está a caminho?”, Forbes, 2022.
12 “Tornando a sua força de trabalho à prova do futuro: um guia para o empregador”, Robert Half, 2022.
13 “Notícias: 92% das pessoas que trocaram de emprego durante a COVID relatam que a vida é muito curta para ficar em um emprego pelo qual não se tem paixão”, Indeed, 2022.
14 “O futuro do trabalho: um modelo de trabalho híbrido”, Accenture, 2021.
15 “Flexibilidade financeira e emprego corporativo”, SSRN, 2022.
16 “A Grande Demissão: como os empregadores são a causa de os funcionários se demitirem”, BBC, 2021.
17 “Esgotamento e estresse estão em todos os lugares”, APA, 2022.
18 “Longas jornadas de trabalho aumentam as mortes por doenças cardíacas e derrames: OMS, OIT”, Organização Mundial da Saúde, 2021.
19 “Relatório sobre esgotamento entre funcionários: o impacto da COVID-19 e três estratégias para contê-lo”, Indeed, 2021.
20 “A Grande Demissão já acabou? Os especialistas ainda dizem que não estamos nem perto do fim”, CNBC, 2022.
21 “A Grande Recontratação e o que os candidatos esperam em 2022”, Lever, 2022.
22 “A Grande Recontratação chegou se os processos ruins não a estragarem”, Forbes, 2021.
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